Recentemente realizei uma pesquisa com um grupo de idosos de um município do sul do Brasil, de Santa Catarina. Preservarei o nome do município e usarei nomes fictícios para as pessoas. Foi simplesmente maravilhoso. Meu intuito era saber como aquele povo valorizava as sua memórias. Vocês não imaginam como aquele povo vive com uma qualidade de vida excepcional; quando falo qualidade de vida, não quero dizer fator econômico, mas de um modo geral, com apoio da comunidade, familía, poder público, etc.
Com o passar do tempo e em prol da modernidade, muitos costumes e hábitos ficaram relegados a um segundo plano. Um deles é o hábito de contar histórias. Muito utilizado pelos velhos, antigamente servia de entretenimento a muitos ouvintes nas reuniões de família ou de grupos sociais. Com as novas tecnologias, esses eventos foram sendo substituídos por programas de televisão, computador, vídeo-game e outras tecnologias que surgem a cada dia, isolando cada vez as pessoas.
Os pesquisados mantém encontros regulares em local com sede própria, onde se encontram para realização de atividades diversas, como ouvir palestras, fazer ginástica, cuidar da saúde e se não tiver algo mais específico "lanchar e jogar conversa fora, mesmo". Isso é divino e tem um auxílio inestimável no aumento da expectativa de vida daquele povo.
Na pesquisa, foi perguntado sobre o significado de fazer parte do grupo, 100% dos entrevistados respondeu que é muito bom porque é neste espaço que se encontra com amigos, com pessoas da mesma idade, revivem suas memórias e é neste momento que se distraem e se divertem.
Ao definir o que significam os encontros do grupo, o que é fazer parte do grupo e contar suas memórias, dona Flor (69 a)* resumiu em poucas palavras: “é a nossa vida! Depois que entrei para o grupo, eu voltei a viver!”
O contar histórias e reviver as memórias fazem com que o grupo sinta-se vivo e foram categóricos ao dizer que isso faz parte da vida deles e que não podem viver sem isso. Eles não querem deixar o passado ser esquecido e fazem questão de contar aos seus descendentes para que estes saibam de suas origens e repassem a história vivida pelos seus antecessores.
A história deste povo, segundo nos foi contada, além dos bons momentos também enfrentaram muitos desafios e passaram por momentos difíceis e, em alguns casos, até de falta de alimentos para uma refeição equilibrada. Mas, de acordo com os idosos, tudo foi superado e faz parte da experiência vivida e que precisa ser preservada.
"É a coisa mais bonita contar as histórias do passado. Eu acho! Foi sofrido, foi trabalhado, eu ‘tive nas roça’ com o pai, mas a gente depois criou os filhos, sem empregada, sem nada e todos com saúde. Hoje em dia tudo é diferente. A coisa mais importante de uma pessoa é a gente ter a memória, de se lembrar de tudo, às vezes a gente esquece, mas depois eu fico pensando e me lembro de novo! (Azaléia, 66a)*"
O Sr. Jasmim (66a)*, em sua entrevista nos fala que reside no interior do município e foi um dos desbravadores; ele nos informa que sente-se bem contando as histórias do passado:
“ me sinto orgulhoso contando as histórias do passado, meus filhos gostam disso... o pessoal hoje reclama que as estradas estão ruins, mas naquela época nem tinha estrada a gente ia a cavalo no moinho 10, 12, 15 km, levar um milho pra fazer farinha, saía cedo e chegava à noite... hoje a gente tem despesas, mas tem tudo o que é conforto, antigamente as casas eram pintadas com cal e quem tinha casa pintada era o “Seu Fulano”, hoje não existe mais casa sem pintar... a gente percebe que a pessoa gosta da história porque ela dá atenção ‘de vereda’, ás vezes tem alguns que não acreditam; é difícil que tenha uma pessoa que não goste de ouvir. Não podemos deixar a história se perder porque se isso acontecer a juventude não vai saber como foi o início.”
* Nome fictício
Aguardem nos próximos dias a continuidade destas histórias maravilhosas!!!
Obrigada meu povo pela acolhida maravilhosa, morro de saudade de todos vocês! Beijos no coração de cada um!!!
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Com o passar do tempo e em prol da modernidade, muitos costumes e hábitos ficaram relegados a um segundo plano. Um deles é o hábito de contar histórias. Muito utilizado pelos velhos, antigamente servia de entretenimento a muitos ouvintes nas reuniões de família ou de grupos sociais. Com as novas tecnologias, esses eventos foram sendo substituídos por programas de televisão, computador, vídeo-game e outras tecnologias que surgem a cada dia, isolando cada vez as pessoas.
Os pesquisados mantém encontros regulares em local com sede própria, onde se encontram para realização de atividades diversas, como ouvir palestras, fazer ginástica, cuidar da saúde e se não tiver algo mais específico "lanchar e jogar conversa fora, mesmo". Isso é divino e tem um auxílio inestimável no aumento da expectativa de vida daquele povo.
Na pesquisa, foi perguntado sobre o significado de fazer parte do grupo, 100% dos entrevistados respondeu que é muito bom porque é neste espaço que se encontra com amigos, com pessoas da mesma idade, revivem suas memórias e é neste momento que se distraem e se divertem.
Ao definir o que significam os encontros do grupo, o que é fazer parte do grupo e contar suas memórias, dona Flor (69 a)* resumiu em poucas palavras: “é a nossa vida! Depois que entrei para o grupo, eu voltei a viver!”
O contar histórias e reviver as memórias fazem com que o grupo sinta-se vivo e foram categóricos ao dizer que isso faz parte da vida deles e que não podem viver sem isso. Eles não querem deixar o passado ser esquecido e fazem questão de contar aos seus descendentes para que estes saibam de suas origens e repassem a história vivida pelos seus antecessores.
A história deste povo, segundo nos foi contada, além dos bons momentos também enfrentaram muitos desafios e passaram por momentos difíceis e, em alguns casos, até de falta de alimentos para uma refeição equilibrada. Mas, de acordo com os idosos, tudo foi superado e faz parte da experiência vivida e que precisa ser preservada.
"É a coisa mais bonita contar as histórias do passado. Eu acho! Foi sofrido, foi trabalhado, eu ‘tive nas roça’ com o pai, mas a gente depois criou os filhos, sem empregada, sem nada e todos com saúde. Hoje em dia tudo é diferente. A coisa mais importante de uma pessoa é a gente ter a memória, de se lembrar de tudo, às vezes a gente esquece, mas depois eu fico pensando e me lembro de novo! (Azaléia, 66a)*"
O Sr. Jasmim (66a)*, em sua entrevista nos fala que reside no interior do município e foi um dos desbravadores; ele nos informa que sente-se bem contando as histórias do passado:
“ me sinto orgulhoso contando as histórias do passado, meus filhos gostam disso... o pessoal hoje reclama que as estradas estão ruins, mas naquela época nem tinha estrada a gente ia a cavalo no moinho 10, 12, 15 km, levar um milho pra fazer farinha, saía cedo e chegava à noite... hoje a gente tem despesas, mas tem tudo o que é conforto, antigamente as casas eram pintadas com cal e quem tinha casa pintada era o “Seu Fulano”, hoje não existe mais casa sem pintar... a gente percebe que a pessoa gosta da história porque ela dá atenção ‘de vereda’, ás vezes tem alguns que não acreditam; é difícil que tenha uma pessoa que não goste de ouvir. Não podemos deixar a história se perder porque se isso acontecer a juventude não vai saber como foi o início.”
* Nome fictício
Aguardem nos próximos dias a continuidade destas histórias maravilhosas!!!
Obrigada meu povo pela acolhida maravilhosa, morro de saudade de todos vocês! Beijos no coração de cada um!!!