Mais sobre minha pesquisa com idosos do sul do Brasil...

Em depoimento colhido de um colaborador do Grupo de Idosos estudado, soubemos que a Secretaria de Educação do município procura fazer um trabalho de valorização do idoso e inserção na comunidade; com a ajuda dos professores, os idosos são convidados a participar da vida escolar de seus familiares, netos e até bisnetos, contando suas histórias e encantando as crianças com suas memórias.

A professora Orquídea (34 anos)* juntamente com seu irmão Lírio (29 anos)*, nos diz que vê este projeto de uma maneira bastante positiva.

... a história tem que ser preservada até porque o que temos hoje foi construído através de alguém, de uma formação de anos atrás e precisa dar continuidade, passando de uns aos outros e com isso mantém viva esta história. É importante valorizar a história do idoso, da sua contribuição na sociedade, e retomar a iniciativa que foi perdida de contar a história com registros da mesma. As novas gerações vão perder este conhecimento da história antiga, das tradições, é importante que se dê continuidade a isso.

A comunidade, por sua vez, em todas as entrevistas realizadas, foi unânime em dizer que apóia o projeto e que acha muito interessante os idosos terem seu próprio espaço para os encontros.

A opinião é de que se constitui num meio para valorizar a pessoa idosa, uma oportunidade de fazer com que os mesmos tenham meios de relembrar e resgatar seus valores e suas memórias. É uma maneira de aprender a ir em busca de meios para viver mais e melhor. Sugerem também que os encontros são uma forma de descontração e distração, pois muitos passam muito tempo em casa e acabam passando muito tempo sozinhos.

No tocante às vantagens para a comunidade e para os idosos, todos referem-se aos mesmos pontos: a importância de manter a história viva pois se não continuar, as novas gerações ficarão sem o conhecimento do que seus antepassados viveram, das tradições e da cultura de seu povo e mais especificamente, de suas famílias; o reconhecimento de que o idoso deve ser valorizado, e saber que eles têm muito a ensinar; a conscientização do poder público e da comunidade em geral da obrigatoriedade de zelar pelo idoso. Outro ponto de relevante importância observado foi que o idoso, com o projeto dos grupos de convivência, percebeu que tem seu espaço garantido dentro da comunidade e que além de sentir-se valorizado, aprendeu a valorizar a si, em primeiro lugar.

* Nome fictício