Você já notou como uma maçã fica marrom quando a sua superfície é cortada? Ou como pregos enferrujam? Este processo de envelhecimento, ou de tornar as coisas estragadas, é conhecido como oxidação. Ela ocorre quando altos níveis de oxigênio reagem às superfícies expostas. Esse mesmo processo está ocorrendo em nosso corpo a cada segundo do dia. Cada vez que respiramos, o oxigênio que inalamos se torna parte do processo de oxidação, os radicais livres são o subproduto desse processo.
Os radicais livres são moléculas de oxigênio com elétrons sem par que flutuam livremente através dos nossos corpos tentando se re-equilibrar, roubando elétrons das células saudáveis. Este processo de busca pode criar uma reação em cadeia perigosa que pode causar destruição, matando célula saudáveis e danificando os tecidos. Ele até mesmo acelera o processo de envelhecimento, já que a pele perde a elasticidade, os músculos se enfraquecem, os cabelos ficam ralos, a visão e audição falham, os dentes estragam, a imunidade diminui, e as doenças degenerativas aumentam.
Ação dos radicais livres
A perda progressiva da capacidade de gerar energia, que caracteriza o envelhecimento das células, deve-se a um conjunto de reações químicas que ocorrem no interior da mitocôndria como conseqüência da ação de radicais livres, conceito explorado inadequadamente em muitos “tratamentos alternativos”.
Na verdade, os radicais livres surgiram na literatura na década de 1950, quando D. Harman, da Universidade de Nebraska, sugeriu que a formação deles no interior das células prejudicasse seu funcionamento. Foi apenas nos anos 1980, entretanto, que ficaram claros dois conceitos:
1) Radicais livres são formados nas células como resultado do conjunto de reações químicas normais, do dia-a-dia, que chamamos de metabolismo.
2) São justamente as centrais energéticas da célula, as mitocôndrias, os alvos mais importantes da ação nociva desses radicais.
A explicação simplificada sobre a formação desses radicais é a seguinte: o oxigênio, tão necessário à respiração, é uma substância potencialmente tóxica. Embora não possamos passar 5 minutos sem respirá-lo, a longo prazo ele pode comprometer nossa existência. Esse fenômeno é conhecido com o nome de “paradoxo do oxigênio”.
Tal paradoxo tem origem química: a molécula de oxigênio é formada por dois átomos (O2). Nas reações que levam à produção de energia pela mitocôndria, a molécula de O2 é quebrada em duas partes, liberando substâncias altamente reativas chamadas de radicais livres (O-, OH- e H2O2 - água oxigenada). Quando esses radicais reagem com os constituintes da mitocôndria, provocam danos às suas estruturas e redução da capacidade de produzir energia. É o envelhecimento celular.
Esse processo, chamado de oxidação, está longe de ser insignificante. Estima-se que 2% a 3% do oxigênio consumido pelas células acabe na forma de radicais livres, e que cada célula de um rato, por exemplo, sofra cerca de 100 mil ataques desses radicais por dia.
Sendo a geração dos radicais de oxigênio inerente ao processo normal de produção de energia absolutamente necessário ao funcionamento do organismo, é lógico que a evolução tenha privilegiado o aparecimento de mecanismos de defesa contra a ação nefasta deles. De fato, em todas as células existem sistemas encarregados em desativá-los.
Fatores que interferem na qualidade e duração da vida:
1) Exercício físico: emagrece, aumenta a força muscular, a capacidade respiratória e melhora a qualidade de vida pelo controle e prevenção de diversas doenças. Como conseqüência, aumenta a vida média de uma população, mas é incapaz de aumentar a longevidade.
2) Dieta gordurosa: descontados os portadores de defeitos no metabolismo das gorduras (que apresentam níveis elevados de triglicérides e colesterol), o único problema com a ingestão desse tipo de alimento é seu alto conteúdo calórico. Ingerir gordura não apressa o envelhecimento, desde que a quantidade ingerida seja pequena para assegurar um total de calorias baixo.
3) Ingestão de fibras: as fibras presentes nos vegetais são muito importantes para o funcionamento dos intestinos e, como apresentam baixo conteúdo calórico, podem ser ingeridas em maiores quantidades. Dietas vegetarianas, porém, não aumentam a longevidade.
4) Vitaminoterapia: baseados na existência dos radicais livres, um dos ramos da assim chamada medicina alternativa preconiza a inativação desses radicais com o uso de doses maciças de vitaminas. Não existe qualquer evidência de que o uso de vitaminas interfira com a complexa fisiologia do envelhecimento no homem ou em outros animais. Algumas vitaminas usadas em doses elevadas podem inclusive provocar danos à saúde. Por exemplo, o betacaroteno empregado nas doses encontradas em diversos suplementos vitamínicos, aumenta a incidência de câncer de pulmão em fumantes, provavelmente por aumentar a produção de radicais livres nos pulmões.
Verduras são importantes no combate aos radicais livres.
Uma alimentação rica em antioxidantes é apontada como o melhor método de prevenção aos efeitos nocivos do RLO. Certos minerais como zinco, cobre, selênio e vitaminas E, C, além do betacaroteno, agem como antioxidantes, inibindo a atuação de alguns RLO.
No grupo da vitamina C, recomenda-se o consumo de acerola, frutas cítricas, tomate, melão, pimentão, repolho cru, morango, abacaxi, goiaba, batata e kiwi. Alimentos ricos em vitamina E contém germe de trigo, óleos vegetais, vegetais de folhas verdes, leite, gema de ovo e nozes. No grupo dos betacarotenos estão a cenoura, mamão, abobrinha, alguns vegetais e frutas de cor alaranjada.
Outras substâncias muito importantes no combate aos RLO são os leucopenos, encontrados principalmente no tomate, a glutationa, presente no abacate e os flavonóides, presentes em grande quantidade nos sucos de uva, vinhos tintos, chás e diversos vegetais. Uma vez estabilizados, os RLO deixam de ser um atentado ao organismo.
Um outro fator de extrema importância na regulação dos RLO é o repouso, principal recomendação do nutricionista esportivo Leonardo de Sousa Costa. "É o sono que regula a produção dos hormônios anti-stress e dos radicais livres", explica. De acordo com ele, uma pessoa que pratica diariamente entre duas e três horas de atividade física intensa dever dormir no mínimo oito horas para conseguir inativar os RLO produzidos.
Apesar de sua importância, o interesse pelo estudo dos radicais livres é relativamente novo. Mesmo sendo abundantes no corpo humano, o estudo e a observações desses compostos era dificultado por sua curta meia-vida e grande capacidade de modificação.
Pesquisa realizada em http://www.anti-envelhecimento.com/pfreeradical.asp; http://www.drauziovarella.com.br/artigos/envelhecimento_meioambiente.asp; http://www.saudeemmovimento.com.br/reportagem/noticia_exibe.asp?cod_noticia=1309
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