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quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Psicologia se volta para os idosos no século XXI

Matéria extraída do site http://www.conexaociencia.jex.com.br

Nos últimos anos, os veículos de comunicação têm divulgado dados de que a população idosa do país cresce rapidamente. Esses dados projetam ao Brasil a 6ª colocação até 2025 no ranking dos países mais populosos em idosos no mundo. Um contingente tão considerável de indivíduos nessa faixa de idade fez com que algumas ciências, como a psicologia, direcionassem cada vez mais seus estudos aos idosos no país. A Universidade Estadual de Londrina, por meio do Departamento de Psicologia e Psicanálise da instituição, desenvolve o projeto de pesquisa intitulado "Bem-Estar e Sentido de Vida na Velhice" que mostra a contribuição da psicologia como compreensão e alternativas de intervenção ao indivíduo idoso. A seguir, entrevista com a coordenadora do projeto, professora doutora em educação pela Universidade de Campinas, Meyre Eiras de Barros Pinto:

Conexão Ciência: Hoje existe muito mais preocupação com os idosos e seu bem-estar. A que se deve isso?

Meyre Eiras de Barros Pinto : Deve-se à vários fatores: à explosão demográfica, à melhora da qualidade de vida, à diminuição nos níveis de natalidade. Tudo isso aumentou significativamente a população de idosos na sociedade hoje. Portanto, é preciso que haja uma preocupação com o bem-estar e a qualidade de vida, uma vez que temos um contingente muito significativo desse segmento populacional.

Conexão Ciência: O que a psicologia pode fazer para estimular o "Bem-Estar Subjetivo e o Sentido de Vida na Velhice", nome do projeto na qual a senhora está envolvida?

Meyre Eiras de Barros Pinto : O bem-estar é um campo de atuação da psicologia e para tanto, o psicólogo pode estar inserido em uma comunidade como em instituições de atendimento aos idosos, trabalhando questões específicas do processo de envelhecimento e visando dar um suporte emocional às questões relativas a esse período do desenvolvimento humano. Assim, o profissional da psicologia poderá desenvolver projetos de intervenção no sentido de propiciar uma melhor qualidade de vida.

Conexão Ciência: Por que a psicologia vem sendo cada vez mais utilizada para tratar o idoso da sociedade contemporânea?

Meyre Eiras de Barros Pinto : A psicologia é uma ciência importante para tratar do ser humano, em geral. Quando falamos em ser humano, contextualizamos também essa etapa da vida que é a velhice. A psicologia é uma área emergente, contudo, uma vez que esse contingente de idosos vem aumentando de forma significativa, é preciso redobrar as pesquisas e consequentemente, técnicas e procedimentos específicos para essa faixa da população.

Conexão Ciência: Isso significa que o crescimento dessa fatia da população é diretamente proporcional à quantidade de pesquisas na área em questão?

Meyre Eiras de Barros Pinto : Sim. A grande explosão em termos de estudos e de artigos que se deram nessa área foi na década de 1990 aqui no Brasil, enquanto que, em outros países, os de primeiro mundo em particular, a preocupação de estudos e de intervenção junto aos idosos já acontece há mais de três décadas. Aqui no Brasil essa é uma condição emergente.

Conexão Ciência: É difícil para o idoso encarar a velhice?

Meyre Eiras de Barros Pinto : Não podemos generalizar e dizer que todos os idosos têm dificuldades de lidar com a velhice. Depende da visão que cada um tem do seu processo de envelhecimento. Se observarmos os estereótipos sociais que são postos, vamos verificar que isso cria certa resistência, ou seja, o velho é visto como inútil, sem serventia, enfim, todas as limitações desse processo que são postas de forma genérica como se todos fossem iguais, esquecendo das profundas diferenças de vivência e de comportamento. Com todas essas características negativas ressaltadas, o idoso acaba criando certa resistência para olhar o próprio envelhecimento. Esse processo (de envelhecimento) não pode ter somente uma visão que se relaciona apenas com o envelhecimento biológico, como, por exemplo, uma perda da visão ou da audição. Por trás disso, existe também uma dimensão psicológica e por trás do ponto-de-vista psicológico, tem muito mais ganhos do que perdas. Agora do ponto-de-vista biológico, podemos avaliar tendo mais perdas do que ganhos. Assim temos uma perspectiva dialética de uma relação dialética de perdas e ganhos ao longo do processo de envelhecimento para todos nós.

Conexão Ciência: O que seria o "Bem-estar Subjetivo na Velhice"?

Meyre Eiras de Barros Pinto :O conceito de bem-estar subjetivo acaba tendo três significados conforme descritos na literatura. Tem o significado de virtude e felicidade, satisfação com a vida e aspectos positivos. Esses três conceitos permeiam esse conceito maior de bem-estar subjetivo, ou seja, avaliar como o indivíduo está se sentindo nesta fase da vida, ou seja, se ele tem mais sentimentos positivos, se está satisfeito com o que fez, as perspectivas do que ainda vai fazer; questões que possibilitam realizar uma avaliação do bem-estar subjetivo entre os idosos.

Conexão Ciência: Qual a importância do trabalho o "Sentido na Vida" com os idosos?

Meyre Eiras de Barros Pinto :O que detectamos é que muitos indivíduos, dependendo da visão que tenham em relação ao processo de envelhecimento, de certa forma se prendendo aos estereótipos, acreditam que não tem mais o que fazer a não ser esperar a morte. Então, encontrar um sentido de vida é exatamente conseguir realizar projetos que dêem (aos idosos) e propiciem uma perspectiva de vida. Encontrar um sentido na vida é galgar algo daqui para frente, assim como avaliar a sua própria vida com muitos aspectos positivos.

Crédito da Imagem: Imagem tirada de www.fepar.edu.br/psicologia
Ano 4 - Edição 23 - 14/out/07

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