Alex, muito bem interpretado por Malcom McDowell, é um jovem rebelde, dono de uma grande inteligência, mora com os pais e seu prazer é sair à noite com seus drugues para praticar a ultra-violência, que consiste em bater em mendigos, em velhos bêbados e invadindo casas. Admirador de Ludwic Van Beethoven, engana seus pais para não ir à escola. Demonstra grande desprezo pelos homens e pela sociedade, fato que fica claro através da violência que pratica e mais ainda por seu cinismo e deboche escrachados em seus atos e em sua face.
Em uma das invasões a casas, em que a gangue bate no escritor, dono da casa, e estupra a esposa diante do mesmo, Alex demonstra grande prazer em praticar a violência e canta e dança enquanto o faz. O fato que o levou à prisão foi a traição de seus colegas, componentes da gangue, num ato de violência em que invade um “SPA” e mata uma mulher. É preso e condenado a 14 anos de prisão. Na prisão ele fica sabendo de uma experiência que está sendo implementada por um médico com a finalidade de curar os presos, os quais teriam a possibilidade de sair de lá em 1 ano e nunca mais voltar. Com seu cinismo habitual, Alex apresenta-se como voluntário do Tratamento Ludovico.
O Tratamento e método do condicionamento operante
Este tratamento consiste em um método de condicionamento com finalidade de afastar a pessoa da violência numa perspectiva de controle social. No tratamento, Alex é obrigado a assistir diversos filmes de violência e sexo. Para auxiliar no tratamento, recebe medicamentos que o fazem sentir-se mal durante as exibições. Assim, ele associa o mal-estar à violência, e toda vez que pensa ou tenta a prática de algum tipo de violência, passa mal, sentindo fortes dores e ânsia de vômito. O tratamento é considerado um sucesso e Alex é devolvido à sociedade – no entender do Estado – totalmente curado.
Penso que a idéia inicial do filme é tratar do tema que compreende o comportamento social e como ele pode -ou não - ser condicionado. A partir daí vemos cenas onde os membros da antiga gangue se tornaram policiais e agora encontram Alex indefeso; têm a oportunidade de “ir à forra” – e vão - vingando-se dos tempos em que foram subjugados por ele enquanto líder da gangue; em outra cena, um mendigo que sofreu violência o reconhece, partindo pro ataque da mesma forma em que foi agredido e várias outras cenas, onde ele sofre a violência sem poder reagir aos ataques.
Embora antigo, o filme é ainda muito atual, mostrando os métodos e estratégias utilizados na política, em nome de ideologias de partido que benefeciam interesses próprios e não de uma sociedade, a guerra pelo poder, a manipulação de informação e a força da mídia, além do abuso de poder da força policial.
Entendemos que Laranja Mecânica se refere à transformação do homem como ser natural, em uma criatura mecânica, condicionada conforme os interesses da sociedade.
Comentário muito pessoal
Vejo esse filme como uma crítica ao behaviorismo, onde busca mostrar os pontos fracos. A experiência com Alex, mantendo-o preso numa camisa de força, com ganchos nos olhos, sem a possibilidade de fechá-los, já é, por si só, uma forma de violência.
Ainda fica o questionamento: Até onde podemos ir com o condicionamento do comportamento humano? Essa prática é ética ou moral? Onde a violência é maior? Nas atitudes dos jovens ou nas do Estado?
Podemos, em nome de quê, combater violência com mais violência?
É uma sátira, não só ao Behaviorismo, mas também à sociedade e seus segmentos familiar, religioso, político e social mesmo, com os seus comportamentos nem sempre éticos ou morais e sempre em nome de algo grandioso e nem sempre verdadeiro ou plausível.
No final, Alex volta ao normal, mostrando a inviabilidade de tal projeto. Talvez, descartando-se a ética e a moral, se houvesse a continuidade do reforço, realmente o tratamento poderia ter sido um sucesso, mas o questionamento feito anteriormente permanece: Podemos combater violência com mais violência? De quem seria a violência maior?
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